29.3.08

20 mil em Manaus e 10 mil em Montes Claros pedem passe livre


27 DE MARÇO DE 2008


20 mil em Manaus e 10 mil em Montes Claros pedem passe livre


O movimento estudantil reuniu mais de 20 mil estudantes em Manaus, Amazonas, pelo passe livre nesta quinta-feira (27). Eles reivindicaram a aprovação do projeto de Lei que dá ao estudante o direito de optar por 120 meias-passagens ou 60 passes livres nos ônibus na capital. Em Montes Claros, Minas Gerais, a mesma bandeira levou 10 mil estudantes às ruas. As manifestações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas da UNE e da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) que se estende até esta sexta-feira (28).
5 mil na câmara de Montes Claros
Apenas três cidades brasileiras garantem o acesso gratuito dos alunos no transporte coletivo de massa, entre elas o Rio de Janeiro. De acordo com o vice-presidente da União Nacional dos Estudantes, Anderson Bahia, a expectativa é que Manaus possa ser a quarta cidade, aprovando a nova lei até o final do ano.

Para garantir a tramitação, os estudantes entregaram uma cópia da proposta aos vereadores Marcelo Ramos e Lúcia Antony, ambos do Partido Comunista do Brasil do Amazonas. Marcelo foi o primeiro a apresentar uma emenda à Lei Orgânica do Município de Manaus (Loman) com uma proposta para o Passe Livre, em fevereiro de 2007.

Em junho, ao assumir a diretoria do Instituto Municipal de Transportes Urbanos, órgão que cuida da gestão do sistema, o vereador instituiu uma comissão para debater o tema. A comissão foi esvaziada, mas a proposta pôde ser melhor avaliada pela classe estudantil.
“Agora nós poderemos retomar o debate sobre o tema. O que se quer é uma proposta que não seja restritiva, mas que também seja responsável, levando em conta que não se pode onerar o trabalhador, mas também considerando a situação dos estudantes que deixam de ir para a escola porque não têm como pagar a passagem de ônibus”, afirmou Marcelo.
Manaus pode ter lei aprovada

O debate sobre o Passe Livre tomou um rumo diferente no final do ano passado, quando a Câmara Municipal passou a discutir a restrição da meia-passagem. Nesse tempo, a articulação da vereadora Lúcia Antony, que participou da luta pela meia na década de oitenta, foi decisiva. “O projeto de restrição foi retirado da pauta da Câmara manauara e agora o que ficará em foco é a ampliação do debate sobre o passe livre”, disse Antony. Para as lideranças, a participação dos estudantes é um reflexo do desejo pela conquista ao direito da gratuidade.

“A proposta que entregamos é viável e muito mais democrática porque dá opção ao estudante. Alguns precisam de mais do que 60 viagens, pois têm atividades extra-curriculares como os universitários”, disse Anderson Bahia, da UNE.
Já para o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes), Yann Evanovick, este é mais um passo para garantir a gratuidade. “Mobilizados poderemos ter força para aprovar este projeto. Claro que vontade política também é essencial, mas acreditamos que está é uma proposta viável”, afirma.
Além das UNE e Umes, participaram da mobilização representantes da Ubes, União da Juventude Socialista (UJS), Juventude do Partido Socialista Brasileiro (UJSB) e a Juventude do PDT. Os representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) ficaram divididos durante a passeata. Um grupo de menos de dez petistas aproveitou para fazer oposição à atual administração municipal e foi isolado pelos estudantes e pela Polícia Militar do Amazonas. Houve um princípio de conflito que quase resultou na prisão de um manifestante.

Minas Gerais

Montes Claros assistiu à maior manifestação popular da história recente da cidade. Cerca de cinco mil estudantes, segundo estimativa da Polícia Militar, saíram às ruas na Jornada Nacional de Lutas da UNE e da Ubes.

Além das entidades nacionais, passeata também foi organizada pela União Estadual dos Estudantes (UEE-MG), União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Diretório Central dos Estudantes da Unimontes, União da Juventude Socialista (UJS), Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro Minas) e União Popular de Mulheres (UPM).

A manifestação foi precedida de mobilizações nas escolas secundaristas e nas universidades. "Estamos aqui pra mostrar, mais uma vez, que a moçada não vai sossegar enquanto o meio-passe não for aprovado", disse o diretor da UCMG, Lucas Alves.

O presidente do DCE da Unimontes, Diego de Macedo, disse que, em assembléia geral dos estudantes da universidade, foi definido que os estudantes não abririam mão da reivindicação. “O meio-passe deve ser para todos os estudantes, sem critério de renda e sem restrição de uso nos fins de semana. Também exigimos que o desconto não seja inferior aos 50% previstos no projeto de lei que tramita atualmente na Câmara”, afirmou.

Passeata cultural

Os estudantes de escolas e universidades dos quatro cantos da cidade se concentraram, a partir das 8h, na Praça Doutor Carlos, centro nervoso de Montes Claros, com muita empolgação e com apresentações de dança de rua. Depois de percorrer o centro da cidade, os jovens fizeram um grande ato em frente à Prefeitura, cobrando o compromisso feito pelo prefeito Athos Avelino (PPS), há dois anos, de efetivar essa política pública na cidade.

Após o ato, o vice-prefeito Sued Kennedy (PT) e o presidente da Transmontes (Empresa Municipal de Transporte e Trânsito de Montes Claros), José da Conceição, receberam comissão formada pelos estudantes e pelo vereador Lipa Xavier (PCdoB), autor do projeto de lei do meio-passe que tramita na Câmara Municipal. Sentados à mesa de negociação estavam também o presidente do DCE da Unimontes, o diretor da UCMG, e o presidente municipal da UJS, José Lousada Neto.

A reunião rendeu resultados. “Foi a maior manifestação da história de Montes Claros nos últimos dez anos. Conseguiu abrir com a Prefeitura um canal de negociação que não existia. Foi formalizada uma comissão com representantes do executivo, do legislativo e dos estudantes pra elaborar um projeto consensual sobre o meio-passe, a ser apresentado dentro de 45 dias. Foi uma grande vitória dos estudantes!”, afirmou Lipa. O vereador também afirmou ao Blog que irá requerer Audiência Pública na Câmara Municipal para discutir o tema no final de abril.

Vitória

Outra grande conquista da Jornada, foi a garantia dada pelo presidente da Transmontes de que os estudantes terão assento no Conselho Municipal de Trânsito de Montes Claros. Para Diego de Macedo, “essa manifestação representa o anseio de uma luta de vários anos dos estudantes. Temos plena convicção que nossa geração irá conquistar o direito ao meio-passe, a hora é agora!”.

“Parabenizo a todos os estudantes que sacrificaram seu dia estudo pra lutar pelos seus direitos, às entidades que se esforçaram pra garantir essa grande mobilização, mas congratulo-me especialmente com a aguerrida militância da UJS, que não poupou esforços em mais essa batalha”, afirmou o Presidente da UJS, José Lousada Neto.

Nesta sexta-feira (28) será a vez dos estudantes de Belo Horizonte botarem o bloco na rua. A UEE e a UCMG pretendem mobilizar cerca de cinco mil estudantes numa grande passeata.

Veja mais as fotos no blog: http://ramonjrfonseca.blogspot.com/

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