3.3.08

BBB8, O ILUSIONISMO NACIONAL

BBB8, O ILUSIONISMO NACIONAL

Pelo oitavo ano consecutivo somos alimentados pela “tecno-ilusão”. Na sua oitava edição a Rede Globo ressalta seu preconceito com o povo brasileiro, vendendo a imagem dos futuros astros das revistas Playboy e GM, com seus corpos esculturais, escolhidos para participar do programa, não por suas capacidades, mas sim por sua estrutura genética, que contempla perfeitamente o estereotipo atual de beleza, corpos esculturais e cabeça vazia. Mas onde estão os intelectuais, os gordos, os negros? É inacreditável que em um país como o Brasil com altos índices de afro descendência, e vasta miscigenação não estejam estes contemplados significativamente no BBB. Será que tais padrões não vêem de agrado a população, não servem para alimentar a ilusão dos telespectadores? Ou como diria Arnaldo Jabor, não serve de agrado para alimentar os “desejos solitários” de quem acompanha tal programa?

O Filósofo alemão Friedrich Nietzsche em alguns de seus estudos afirmara que os indivíduos necessitam de atrativos que sirvam para fugir de sua realidade, servindo como máscaras, na esperança de buscar uma forma de amenizar sua dor. É tão mais fácil comentar sobre a vida dos participantes do programa que inutilizam grande parte do seu dia, pensando em como irão se fazer parecer tão puritanos diante das câmeras, passando uma falsa imagem do que são, idolatrando algo que desconhecem e cometendo pecados éticos e morais, promovendo intrigas e tentando assemelhar-se a Sun Tzu, o mestre das estratégias e táticas de combate. Vendendo sua imagem para proporcionar um falso momento de lazer ao telespectador. Submetendo-se assim ao sucateamento da emissora que vende acesso ao Canal Futura e distribui gratuitamente a cretinice, alimentando o prazer tecnológico em canal aberto, incentivando cada vez mais o isolamento do ser, que já não suporta as dores e sofrimentos do mundo, e engordam o número de vitimas da alienação global, sem forças para enfrentá-las. Entre os BBB’s e os telespectadores, difícil é saber diferenciar quem está em pior situação, os prostituidores de sua imagem, ou os que alimentam tamanha alienação. pois, se fizéssemos uso do conceito de coisificação de Marx quem seriam os tais brothers, senão coisas usadas, manipuladas e vendidas como se vende uma batata em uma feira qualquer.

É triste ver o rumo que a televisão brasileira está se encaminhando, com programas internacionais. O BBB que poderia ser um programa educativo de promoção humana, possível até de ser utilizado em escolas e faculdades, tem se tornado um material inutilizável, por não passar de um programa que está cada vez mais caindo na redundância, daqueles que buscam reproduzir estratégias de edições anteriores, e de projetos de intelectuais das poucas e falhas palavras e afirmações, quase uma doença de miséria cultural. Se não bastasse a prostituição coisificada dos brothers pela exposição de imagem e a forma que apresentam sua incapacidade na formulação de táticas para uma desejada “vitória”, a fazem de forma equivocada, o psiquiatra que seduz a mocinha inocente e no auge da sedução revela ao país o seu segredo mais intimo, que por toda uma vida manteve-se guardado a sete chaves; tem também a mais sincera das moças, que fala tudo o que pensa, pobre moça, mal se lembra de suas aulas do colegial, onde falava-se sobre figuras de linguagem, mal lembra-se ela também dos ditados populares como aquele que fala sobre o olhar que vale mais que mil palavras, se pudera pediria a que parasse de vender uma imagem adotada por outros “vencedores” pois como eles mesmos dizem “o Brasil está de olho”, e nem mesmo infinitas palavras poderão apagar os rastros de suas atitudes. Não podemos esquecer da professora de inglês que mal consegue responder as perguntas do apresentador pronunciadas no idioma imperialista dos Estados Unidos o Inglês. Eu, em dois capítulos que assisti tive improdutivas aulas de História/filosofia com o psiquiatra falando sobre Mitologia Grega.

Será coincidência ter presenciado todas estas entre outras técnicas em edições passadas? Por isso reafirmo a improdutividade do programa, cada vez mais semelhante à novela malhação, que a cada ano que se passa, apenas trocam-se os personagens, pois a história da garota boazinha, do menininho malvado que ao fim torna-se o herói é sempre a mesma. E se ao invés desse bando de filhotes, educados pela mãe Rede Globo, fossemos contemplados com a presença de cientistas, verdadeiros intelectuais, que não saberia eu dizer se estes se submeteriam ao programa, seriam estes bem aceitos? Com suas discussões, que vão além de técnicas para tratamento capilar (popular chapinha) e comentários sobre o vestuário?

Estaria com esse antro de improdutividade a Rede Globo subestimando o intelecto do público brasileiro ou seria este mais uma etapa de seu projeto de alienação nacional?

Eduardo Gasparetto

Acadêmico do Curso de Direito e

Tesoureiro da UJS Chapecó

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