27 DE MAIO DE 2009 - 13h38
Antônio Capistrano: A Coréia do Norte e os interesses imperialistas
A Coréia do Norte surgiu em 1953 com o cessar fogo da famosa Guerra da Coréia. Com isso o país ficou dividido em duas partes, a Coréia do Norte e a Coréia do Sul, sendo uma comunista, a do Norte e a outra capitalista, a do Sul. A guerra da Coréia nunca terminou apenas se deteve após a assinatura do armistício de 27 de julho de 1953. Isto significa que Estados Unidos e Coréia se encontram em guerra, o governo da Coréia do Norte tenta há anos substituir o acordo de trégua por um tratado de paz definitivo, mas o governo americano não aceita essa proposta, para eles é melhor manter esse estado guerra do que uma paz duradoura.
A hostilidade, na região, alimentou a Guerra Fria por muito tempo, passando a ser um campo de tensão permanente e de experiência de novos armamentos ianques. Até hoje perdura o conflito, há interesse dos Estados Unidos de manter um estado beligerante como forma de permanência das suas tropas na região. Vale salientar que a Coréia do Norte faz fronteira com a China e está localizada próxima do Vietnã que também estava dividido entre o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. Região geopolítica de suma importância para os interesses imperialistas dos Estados Unidos na Ásia.
Na verdade, a Coréia do Sul, é uma base militar norte-americana. Os Estados Unidos tem uma política de hostilidade permanente contra a Coréia do Norte obrigando o país a se fechar e a manter um enorme gasto com armamentos. Essa é uma prática comum dos ianques na tentativa de sufocar o país que desejar se livrar do seu julgo, com essa estratégia obriga o governo norte-coreano a desviar recursos para a segurança, recursos esses que são vitais para setores como o da educação, saúde, esporte, lazer e na área de ciência e tecnologia.
Cuba é outro exemplo, sofre um bloqueio econômico a mais de quarenta anos, tentativa norte-americana de quebrar a resistência do povo cubano, uma forma criminosa que o governo dos Estados Unidos vem praticando em todo o mundo – o Chile de Allende; a Nicarágua dos Sandinistas; o Iraque de Saddam; o Brasil de Jango; a Bolívia de Evo Morales, a Venezuela de Hugo Chávez e outros países que sofreram e sofrem esse mesmo tipo de pressão.
A questão da Coréia vez por outra volta ao noticiário internacional, informações essas sob o controle das agências de noticiais ianques ou dos seus aliados europeus. Hoje, com a história do teste atômica, a Coréia do Norte volta a toma com todo o estardalhaço que a Globo gosta de fazer nesses casos, mostrando só um lado da questão.
Cabe aqui aquela velha máxima, aplicada bem, nesse caso, aos interesses norte-americanos “faça o que eu digo, mas, não faça o que eu faço”.
Em nota, distribuído a imprensa internacional, não divulgada pela mídia controlada pelos interesses imperialistas, o governo da República Popular Democrática da Coréia questiona a posição dos Estados Unidos e dos seus seguidores com relação ao recente teste nuclear, dizendo: “A Política internacional de duplo sentido dos Estados Unidos é evidente. Enquanto esse país armazena milhares de ogivas nucleares, realizando testes dentro e fora do seu território, e sendo a única nação que usou armas nucleares contra povos, acusa a RPDC de “provocações” e de “nação perigosa que age contra a opinião pública internacional”.
Outras potências nucleares, como França ou Israel, realizam ensaios de magnitude muito maior e de forma regular, sem receber nenhum tipo de condenação. O problema é que a “opinião pública internacional” é uma metáfora, que a realidade se refere à propaganda imperialista e unilateral da Casa Branca, que crê ter a primazia de representar a voz de todos os povos e de ter o direito de impor sua cultura e economia ao restante das nações”. E por aí vai, é uma longa nota que merecia ser lida e divulgada, até como o outro lado da informação, mas isso não ocorre por que o que os Estados Unidos desejam é o consenso midiático.
Esse fato nos faz lembrar das armas de destruição em massa do Iraque, as hostilidades ao Irã ou da questão da “democracia” nos países que não seguem a política externa norte-americana e nem aceitam a ingerência nos seus negócios internos.
Os donos do mundo, os Estados Unidos da América do Norte, se acham no direito de intervir em qualquer país, sempre usando a justificativa da defesa “dos princípios democráticos”. As piores ditaduras do mundo foram implantadas e mantidas com o beneplácito dos Estados Unidos e da comunidade européia, na maioria das vezes, com o apoio direto das suas forças armadas.
Basta analisar, com ética, os conflitos internacionais que tiveram a participação dos Estados Unidos ou das potências européias para chegarmos à conclusão de que sempre os motivos de uma invasão, de um bloqueio econômico ou de uma campanha de difamação são motivados pelos interesses imperialistas de dominação. Eles transformam a mentira em verdade, usam a mídia como arma de propaganda. As maiores agências noticiosas do mundo são deles, são elas que manipulam e espalham, dentro dos seus interesses, as noticias em todos os recantos do planeta.
A Coréia do Norte, o Irã, a Palestina, a Venezuela, a Bolívia, Cuba são as vitimas que sofrem, hoje, a maior onda de mentiras espalhadas por todo o mundo.
por Antônio Capistrano, ex-reitor da Uern
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