29.3.09

França está “à beira da explosão social”, diz cientista político

Stéphane Monclaire, professor de Ciências Políticas na Universidade Sorbonne, em Paris, alerta sobre a defasagem cada vez maior entre as elites políticas e a população. Para ele, as massivas manifestações ocorridas nos últimos dias na França tem "correlação com as zonas em que o desemprego está aumentando ou zonas em que grandes empresas têm projetos de demissões massivas".

Pela segunda vez em menos de dois meses, os franceses saíram às ruas na semana passada para protestar contra as respostas do governo às conseqüências da crise econômica. As previsões econômicas são cada vez piores: o governo estima uma queda de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009, além de déficit superior a 5% do PIB e dívida pública de 72% do PIB. Isso significa que a França não vai cumprir os chamados critérios de Maastricht, que assinou com a entrada em vigor do euro: déficit inferior a 3% e dívida pública inferior a 60%. Como a maioria dos países da zona euro.

Para entender melhor o que está acontecendo e onde esse movimento de protesto pode chegar, Opera Mundi entrevistou Stéphane Monclaire, professor de Ciências Políticas na Universidade Sorbonne, em Paris, durante viagem ao Rio de Janeiro, na última sexta-feira (20). Monclaire, que é também especialista em Brasil, alerta sobre a defasagem cada vez maior entre as elites políticas e a população. Lembrando da tradição de contestação violenta no país, ele avalia que uma explosão social faz parte dos cenários plausíveis.

Nenhum comentário: