8.4.08

Ocupação na UnB já toma todo o prédio da reitoria




7 DE ABRIL DE 2008



Ocupação na UnB já toma todo o prédio da reitoria



Os estudantes da Universidade de Brasília (UnB) que ocupavam o gabinete da reitoria da instituição desde quinta-feira (3) ampliaram o movimento e ocuparam, na tarde desta segunda-feira (7), todo o prédio em que fica a administração da instituição: reitoria, decanatos e assessorias. A energia elétrica e a água do prédio voltaram a ser cortadas.
Segundo o DCE, mais de 1.300 estão no prédio
Os estudantes afirmam que só sairão do local quando o reitor da UnB, Timothy Mulholland, pedir demissão.

Os alunos ocuparam à força o prédio da reitoria. Em número muito superior ao de seguranças, eles ocuparam o prédio por volta das 15h desta segunda. Às 16h40, apenas estudantes e jornalistas se encontravam no local. Os seguranças da UnB e policiais federais não se encontravam no prédio.

Não se sabe o número exato de alunos que ocupam o prédio, mas, segundo os seguranças da UnB, a assembléia realizada por volta das 12h desta segunda reuniu cerca de 1,3 mil estudantes. Na quinta-feira, quando a ocupação começou, cerca de cem alunos tomaram o gabinete da reitoria da UnB. Os organizadores da ocupação estimam que cerca de 300 alunos tenham decidido permanecer no prédio da reitoria após a assembléia desta segunda.

Durante a manhã, os manifestantes passaram de sala em sala da UnB convocando outros alunos a participar da reunião e aderir ao movimento.

"É uma ocupação pacífica, mas que saiu do controle principalmente pela ação dos seguranças da UnB", afirmou Diogo Rmalho, 24, estudante de letras, que integra a comissão de comunicação do movimento. "Nossa idéia é manter a ocupação da sala da reitoria e também das rampas", completou Yuri Soares, 22, estudante de história. "Agora a gente quer acalmar os ânimos e reorganizar a ocupação, que assumiu um novo cenário", destacou Catharina Lincoln, 20, do curso de história.

Termo de compromisso

A direção da UnB divulgou, na tarde desse domingo, um termo de compromisso em que se propõe a negociar vários pontos reivindicados pela ocupação. O aumento de 20% no número de bolsas para estudantes de baixa renda e novas regras para a escolha do reitor - com maior peso para o voto dos estudantes - são dois deles. O documento não faz menção ao afastamento do reitor.

Pelo documento, a UnB compromete-se a discutir o papel das fundações de direito privado de apoio à universidade; analisar a possibilidade de prestar contas da Fundação Universidade de Brasília (FUB), referentes ao exercício de 2007; encaminhar proposta ao Conselho Universitário (Consuni) para constituir comissão formada por professores, estudantes e servidores técnico-administrativos a fim de promover a discussão das regras referentes à Consulta à Comunidade Acadêmica para a escolha de reitores da UnB.

Na noite de domingo, a comissão de negociação dos estudantes divulgou nota rejeitando o termo de compromisso.

Ocupação mantida

Na assembléia, os estudantes decidiram manter a manifestação. Eles não acataram o pedido da superintendente da Polícia Federal (PF) no DF, Valquíria Andrade.

Neste domingo (6), Valquíria entrou pessoalmente na negociação da desocupação, e garantiu que a PF não retiraria os alunos à força do local até as 15h dessa segunda-feira. Às 15h45 dessa segunda no prédio em que fica o gabinete do reitor, o clima era tenso e policiais federais e seguranças da UnB estavam no local.

Na sexta-feira (4), a juíza federal substituta Cristiane Pederzolli, da 17ª Vara do Distrito Federal, ordenou a desocupação do gabinete do reitor da UnB. Segundo a decisão, a cada hora de desobediência, o movimento tem de pagar R$ 5 mil de multa.

A Polícia Federal tem negociado a saída dos estudantes da reitoria desde o dia da ocupação. Diversas conversas foram travadas entre as partes. A PF afirma que tem de cumprir a decisão judicial.

Ocupação

Por volta das 14h dessa quinta-feira, um grupo de cerca de cem estudantes da UnB ocupou o gabinete do reitor da instituição. Eles pediam a saída de Mulholland, para que possam ser realizadas com isenção as investigações sobre suposto uso irregular de recursos da UnB.

Desde o início da ocupação, os estudantes afirmam que não deixarão o gabinete até que o reitor e o vice-reitor, Edgar Nobuo Mamiya, peçam demissão. A assessora do reitor da UnB, Dóris de Farias, descartou, ainda na quinta, a possibilidade de Mulholland se afastar do cargo.
Entre as reivindicações dos estudantes estão o afastamento do reitor e do vice-reitor; a criação de eleições paritárias imediatas para a reitoria (em que votos de alunos e professores tenham o mesmo peso); a abertura das contas da UnB; o fim dos convênios da universidade com as fundações; o leilão dos objetos do apartamento que era usado pelo reitor e a aplicação desse dinheiro nas instalações da Casa do Estudante; a construção de prédios para moradia estudantil.

Histórico

A situação de Mulholland à frente da UnB começou a se complicar no início de fevereiro, quando a relação entre a instituição e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), ligada à UnB, foi questionada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDF).

O MPDF acusou a Finatec de ter financiado, com recursos públicos, a reforma de um apartamento funcional, até então usado por Mulholland, bem como a compra de móveis e utensílios domésticos para o imóvel. O valor do gasto: R$ 470 mil, segundo o MPDF - sendo R$ 1 mil só para uma lixeira. A UnB diz que o gasto não ultrapassou os R$ 350 mil.
Da redação, com agências

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